Para que serve o seu saber?
Para quem serve o seu saber-poder?
Você tem resistido às suas amarras egóicas do suposto-saber?
Questionamentos muito caros, um pouco raros, sobretudo no contexto da biopolítica contemporânea que vivemos.
Onde viver denota um sobreviver, uma sub-vida que se repete em massa como forma maior dos interesses do enfraquecimento da potência dos corpos. . .
E seu saber, serve para anestesiar a potência micropolítica dos corpos ou para controlá-la, subjugá-la à sua verdade, com a melhor das IN-TENSÕES?
Aos pensadores, aos analistas, aos militantes, cabe questionar que saberes estamos construindo
Precisa servir, precisa ter efeitos, precisa impor movimentos, pôr-em-movimento a vida, preciso propor devires…
Se não o há, qual o sentido?
Por outro lado…
Será que estamos, mesmo sem perceber, apaixonados pelo poder?
Engolimos o panóptico e reproduzimos controles por meio de nossos discursos e práticas, ainda que pensemos que estamos produzindo liberdade.
Sem nenhuma menção a líderes, à salvação, à dicotomia opressor-oprimido, posto que todos podemos nos colocar nessa posição em algum momento, sendo todos controladores-controlados,
Mas nos cabe questionar: como o meu saber resiste a isso?
Numa universidade que se transformou em uma INDÚSTRIA DE PRODUÇÃO DE REPETIÇÕES REFERENCIADAS é produzido um impedimento à capacidade de pensar, de problematizar, de criar, de resistir.
Pensar o impossível, criar estratégias para destruição das relações de opressão (em mim, no meu professor, no meu filósofo de cabeceira, nos outros).
Você escreve para ser lido ou para si-mesmo?
De que forma suas letras podem servir para fugir ao aprisionamento da vida em torno do poder dos lattes, dos títulos, dos likes?
Teus verbos são de fato de ação?
Racham… Fissuram… Destroem… Criam… Inventam… Reexistem?
Acerca do reexistir?
De que maneira seu saber fere a sua ilusão de identidade?
Te põe em des-posições-do-eu e te diferencia de si mesmo?
Mesmo o mais generoso e humilde dos sábios pode, em algum momento, abraçar o poder e se afastar da potência ética e estética.
E, se em cada produção de saber, nos questionássemos a implicação de cada escrito com a vida, o que produziríamos?
Seríamos papagaios-de-filósofos sempre a repetir seus jargões a troco de uma erudição vazia e anedótica.
Teus autores são teus escudos?
Mas quem disse foi Marx, Freud, Nietzsche, Kant, Hegel, Deleuze, Foucault . . .
Como se isso furtasse as responsabilidades, como se servisse como uma proteção contra as críticas
Certa feita, falamos que o pensamento tem se tornado dócil.
Ratificamos isso com a preocupação que nosso pensamento se torne dócil, ainda que se proponha o contrário.
Ou pior que nosso pensamento se torne recorte da multiplicidade, mesmo que tente afirmar o múltiplo.
Que sejam criadas novas caixinhas, novos guetos, trazendo à minoria para o desejo de se tornar majoritário!
Não há devir sem uma involução do seu lugar de pensador, da sua forma-homem, forma-filósofo, forma-analista, para abrir o corpo às forças!
Mas tudo isso nos é bem distante se não nos questionarmos CONSTANTEMENTE…
Para-que-serve-o-nosso-sab er?
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Escrito-publicado em 04 de maio de 2018 – Página Esquizografias (Clique Aqui)