MÁQUINA LITERÁRIA: GRUPO ONLINE

A partir da sua leitura de Maurice Blanchot, o filósofo Gilles Deleuze afirma, em sua obra Crítica e Clínica (1993), que “a literatura só começa quando nasce em nós uma terceira pessoa que nos destitui do poder de dizer Eu”. Atravessados por diversas literaturas nos distanciamos dos fantasmas que criam rostos possessivos e pessoais, descobrimos em cada um “a potência de um impessoal, que de modo algum é uma generalidade, mas uma singularidade no mais alto grau” (Deleuze, 1993). É o canto das sereias na Odisséia de Homero, os guinchos de Josefine em Kafka, os mugidos de um boi imolado que forçam Moritz a escrever… A literatura começa no instante em que o humano é atravessado por vozes inumanas.

Deleuze nos ensina que aquilo que o escritor escreve, vê e ouve, nos permite – através da linguagem – atingir o seu Fora. Ou seja, o que a linguagem na sua significância dissimula é o que está para além dela: o campo dos acontecimentos e dos afetos pré-individuais. O espaço literário acontece neste plano extra-pessoal onde se formam figuras de uma história e uma geografia incessantemente reinventadas através do delírio enquanto processo que desgasta e reinventa as palavras, faz nascer pequenas línguas, línguas estrangeiras no interior da linguagem.

O delírio não diz respeito a pai-mãe, mas é “histórico-mundial”. Somos seres múltiplos atravessados por tribos, raças, religiões, animalismos. Desta maneira, partindo da esquizoanálise tomamos a literatura como um agenciamento coletivo de enunciação, como uma potência a partir da qual podemos acessar os devires minoritários.

Portanto, a Máquina Literária é pensada como um campo de abertura à diferença, de produção de saúde, de criação de zonas de vizinhança e indiscernibilidade com o outro: devir-mulher, devir-criança, devir-negro, devir-indígena, devir-esquizofrênico, devir-não-humano… Mais ainda, a literatura é um processo pelo qual desejamos inventar um povo que falta, um povo menor que resiste aos esmagamentos da máquina capitalística e às formações identitárias. Por isso, o escritor é médico de si e do mundo, clínico das civilizações e das culturas.

Nesta experiência coletiva vamos buscar levar ao grupo em encontros semanais diálogos por meio de Hilda Hilst, Rainer Maria Rilke, Clarice Lispector, Jorge Luís Borges, Anais Nin, D.H. Lawrence, Honoré de Balzac, Julio Cortázar, Elias Canetti, Franz Kafka, Emily Bronte, Hermann Hesse, Guimarães Rosa, Kleist, Lygia Fagundes Telles

QUANDO E COMO ?

O dispositivo acontecerá às quintas-feiras das 20h às 21h30, funcionando da seguinte forma: Breve apresentação do tema propostoLeitura coletiva do conto ou trecho de livro sugerido…e…Diálogos

Para participar e compor conosco neste espaço,

entre em contato pelo número (11) 95140-8569 (@clinicand) / (11) 97245-9136 (@cartografiasdoinconsciente).

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