Michelle Menezes Wendling, psicanalista e professora adjunta do Departamento de Psicanálise do Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), defendeu em 2010 a dissertação “Duas versões do desejo: Lacan, Deleuze & Guattari” como conclusão de seu Mestrado em Psicologia Social na Universidade Federal de Sergipe (UFS) e em 2015 defendeu a tese “DELEUZE E LACAN: notas sobre um encontro” na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Abaixo encaminho resumo da tese + sumário + link para acesso ao texto completo.
RESUMO: Este estudo parte da ideia de encontro para abordar alguns aspectos da obra de Deleuze e de Lacan. Diferentemente de uma troca e de uma concordância teórica, tal ideia volta-se àquilo que passa entre os dois. Nas obras dos autores, além da presença de temas próximos, há aspectos, mesmo díspares, que se tocam, mas que exigem um trabalho de busca de “indícios”, de referências implícitas.
Esta tese não levou em conta apenas textos das primeiras décadas do ensino de Lacan, mas também ditos e escritos nos quais alcançamos as transformações do pensamento de Lacan. Ao abordarmos as críticas de Deleuze a Lacan na obra O Anti-Édipo, usamos esse texto como um “disparador” da discussão; dele passamos a outras obras.
O Capítulo 1 introduz o livro O Anti-Édipo. Há um mapeamento de algumas ideias de Deleuze e Guattari que tem a psicanálise como foco. As máquinas desejantes são o desejo produtivo. Nas críticas ao vínculo “natural” do desejo à castração, os autores defendem que a negatividade é fator de cultura, resultante da repressão social do desejo.
O Capítulo 2 discute o par negatividade e positividade, a fim pensar alguns posicionamentos de Lacan frente às críticas ao desejo. Uma via interpretativa pensa o desejo como dependente do negativo, encarnado na ideia de lei como interdição. Tal dependência não se apresenta na ideia de gozo ao final do ensino de Lacan, o qual estaria mais próximo do registro do positivo, modificando a importância das primeiras formulações lacanianas sobre Édipo, bem como o uso da ideia de limite para compreender o gozo. Uma outra leitura do ensino de Lacan considera que ele conserva a importância do negativo ao longo de sua obra, mas o modifica. De uma transcendência negativa que nos leva ao desejo puro ao esvaziar os objetos da experiência, Lacan passaria àquilo que nos objetos faz com que reconheçamos algo de opaco e de não- idêntico nos sujeitos.
O Capítulo 3 defende que o conceito de simulacro ganhou uma nova perspectiva a partir dos estudos de Deleuze sobre os signos como aquilo que nada quer dizer, saindo, assim, da referência ao sentido. A verdade é uma busca que não depende da boa vontade, mas da violência dos encontros com os mais diversos signos, nos convocando a decifrar seu funcionamento. Com conceito de semblante, Lacan põe a verdade em outros termos. Ela não poderia ser aquilo que diz o que é, aquilo que precisa ser revelado por meio dos discursos. Se os discursos só podem ser semblantes, a verdade é sempre semidita, é ela mesma o engano.
O Capítulo 4 defende que a psicanálise, quando se trata do campo da política, tem que levar em conta a ideia de dejeto e os modos de gozo. Por apontarem para algo da ordem da insubmissão, tais ideias ajudam a criticar nossos alinhamentos à maioria no corpo social. Se a ação política seria possível, para Deleuze, a partir do encontro com o impossível, em nossos dias, teríamos que criar estratégias que deem voz à minoria, uma delas consistiria em criar espaços de indeterminação.
ACESSO A TESE (BASTA CLICAR NO TÍTULO):
DELEUZE E LACAN: notas sobre um encontro