Psicanálise e Transversalidade é o resultado de quinze anos de reflexão sobre as incidências da psicanálise, tanto no campo psiquiátrico como no político. Um tema central percorre estes textos: a promoção de um método de análise institucional que deveria ir além de cada um dos estratos distintos que constituem as ciências sociais e humanas. Para Guattari, a problemática da revolução tem ligação necessária com a do remanejamento radical das concepções e métodos correntes no campo da psicanálise. É, por conseguinte, um princípio de transversalidade que deve aproximar e unificar a função do analista e a do militante.
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Psicanálise e Transversalidade: Ensaios de Análise Institucional [Félix Guattari]
“Foi a partir de 1961, no curso de reuniões do G.T.P.S.I., que me propus a situar a psicoterapia institucional como um caso específico do que denominei análise institucional. Na época, essa ideia tivera poucos ecos. Foi fora dos ambientes psiquiátricos, particularmente nos grupos da F.G.E.R.I., que ela foi retomada. Os animadores da corrente de psicoterapia institucional não pensavam em nada mais do que uma tímida extensão da análise aos domínios da psiquiatria e, eventualmente, da pedagogia. A meu ver, uma tal extensão só poderia levar ao impasse caso não tivesse como alvo o conjunto do campo político e social. Um dos pontos de aplicação política essencial dessa análise institucional parecia-me ser, em particular, o fenômeno da burocratização das organizações militantes, que deveria poder advir do que denominei “analisador de grupo”.
Esses temas fizeram seu percurso; os analisadores, a análise institucional e até a transversalidade foram colocados em alguma dose em todos os molhos; talvez se deva ver nisso a indicação de que, apesar de seu caráter aproximativo, elas traziam em si uma problemática um tanto vívida. Longe de mim a ideia de defender alguma ortodoxia no tocante à origem desses conceitos! Na época, o trabalho de elaboração do G.T.P.S.I. foi coletivo; as ideias jorraram de toda parte, sem pertencer a ninguém. Infelizmente, o clima mudou, e se me vi levado a acrescentar estes esclarecimentos.
Assim, pareceu que eles escaparam a certo número de pessoas que se interessam hoje pela evolução dessa corrente de pensamento. Para preencher a lacuna em suas recordações ou sua falta de informação, bem como, para ser completamente preciso, lembro, portanto, que ninguém havia falado ou escrito sobre “a análise institucional” e “os analisadores” antes das diferentes versões que apresentei em meu relatório sobre “A transversalidade” (Publicado em 1964 no número UM da Revue de Psychotérapie Institutionnelle).”
Félix Guattari