CAMINHOS DA TERAPIA PSICANALÍTICA – por Sigmund Freud (1919)

Caros colegas:

Como sabem, nunca nos gabamos da completude e inteireza de nosso saber e de nossa capacidade; estamos prontos, agora não menos que antes, a admitir as imperfeições de nosso conhecimento, aprender novas coisas e mudar em nossos procedimentos o que puder ser melhorado.

Agora que novamente nos reunimos, após anos de separação e duras provas, quero fazer um balanço do estado de nossa terapia — à qual devemos nossa posição na sociedade humana — e ver em que novas direções ela poderia se desenvolver.

Definimos como nossa tarefa levar o doente neurótico ao conhecimento dos impulsos inconscientes, reprimidos, que nele existem, e para esse fim descobrir as resistências que nele se opõem a tal ampliação do conhecimento de si. Desvelar essas resistências garantirá sua superação? Nem sempre, sem dúvida, mas esperamos chegar a esse objetivo explorando a transferência ante a pessoa do médico/psicanalista[1], para fazer o doente partilhar nossa convicção da impropriedade das repressões ocorridas na infância e da impossibilidade de viver a vida conforme o princípio do prazer. Expus em outro lugar as condições dinâmicas do novo conflito através do qual conduzimos o paciente, e que pusemos no lugar do anterior conflito da doença. No momento eu não teria o que mudar nisso.

Chamamos de psicanálise o trabalho mediante o qual levamos à consciência do doente o material psíquico nele reprimido. Por que “psicanálise”, que significa dissecação, decomposição, e faz pensar numa analogia com o trabalho que o químico realiza com as substâncias que acha na natureza e leva para o laboratório? Porque tal analogia realmente existe num ponto importante. Os sintomas e manifestações patológicas do paciente são, como todas as suas atividades anímicas, de natureza altamente composta; em última instância, os elementos de tal composição são motivos, instintos.[2] Mas o paciente nada sabe desses motivos elementares, ou não sabe o bastante. Nós lhe ensinamos a entender a composição dessas complicadas formações psíquicas, fazemos remontar os sintomas aos instintos motivadores, indicamos nos sintomas esses motivos instintuais até então desconhecidos para o doente, tal como o químico isola a substância básica, o elemento químico, do sal em que se tornara irreconhecível, por estar unida a outros elementos. Também mostramos ao doente que, no caso de suas manifestações psíquicas não consideradas patológicas, a motivação delas não lhe era inteiramente consciente, que nelas tiveram participação outros motivos instintuais, desconhecidos para ele.

Também explicamos o impulso sexual[3] humano dissecando-o em seus componentes, e ao interpretar um sonho procedemos de modo a negligenciar o todo e ligar a associação aos seus elementos distintos.

Essa justificada comparação da atividade médica psicanalítica com o trabalho de um químico poderia resultar em estímulo para uma nova direção em nossa terapia. Nós analisamos o doente, isto é, decompusemos sua atividade psíquica em suas partes constitutivas elementares, mostrando esses elementos instintuais isoladamente; o próximo passo não seria então ajudá-lo numa nova, melhor composição deles? Os senhores sabem que tal exigência foi efetivamente levantada. Disseram-nos que após a análise de uma psique enferma deve ocorrer a síntese. E a isso logo se juntou a preocupação de estar fazendo análise em excesso e síntese de menos, e o esforço de deslocar o peso da intervenção terapêutica para esta síntese, uma espécie de restauração do que teria sido destruído pela vivissecção.

Mas não posso acreditar, caros colegas, que uma nova tarefa se nos apresente com essa psicossíntese. Caso eu me permitisse ser franco e indelicado, diria que se trata de uma frase irrefletida. Contento-me em observar que temos aí apenas a ampliação exagerada de uma comparação, ou, se quiserem, a exploração injustificada de uma denominação. Mas um nome é apenas uma etiqueta usada para distinguir uma coisa de outras semelhantes, não é um programa, um sumário ou definição. E uma comparação precisa apenas tangenciar num ponto a coisa comparada, podendo se distanciar dela em todos os outros. O psíquico é algo tão singularmente peculiar, que nenhuma simples comparação pode refletir sua natureza. O trabalho psicanalítico fornece analogias com a análise química, mas também com a intervenção cirúrgica, com a interferência do ortopedista ou com a influência do educador. A comparação com a análise química é limitada pelo fato de que na vida psíquica lidamos com tendências[4] sujeitas à compulsão no sentido de unificar e combinar. Se conseguimos decompor um sintoma, liberar um impulso instintual de um nexo[5], ele não permanece isolado, inserindo-se imediatamente num novo nexo. [6]

De fato, o doente neurótico nos oferece uma vida psíquica dilacerada, dividida por resistências, e, enquanto a analisamos e eliminamos as resistências, ela cresce organicamente, a grande unidade que chamamos Eu integra em si todos os impulsos instintuais que até então estavam dela dissociados e ligados noutra parte. Desse modo a psicossíntese ocorre no analisando sem a nossa interferência, automática e inevitavelmente. Produzimos as condições para ela ao decompor os sintomas e levantar as resistências. Não é verdadeiro que algo no doente esteja decomposto em seus constituintes e aguarde pacientemente que nós o recomponhamos de algum modo.

O desenvolvimento de nossa terapia tomará provavelmente outros caminhos, sobretudo aqueles que Ferenczi, no seu trabalho “Dificuldades técnicas de uma análise de histeria” (Internationale Zeitschrift für ärztliche Psychoanalyse [Revista Internacional de Psicanálise Médica, v. 5], 1919), caracterizou como “atividade” por parte do analista.

Entendamo-nos rapidamente sobre o que significa essa atividade. Descrevemos nossa tarefa terapêutica com base em dois fatores: tornar consciente o reprimido e pôr a descoberto as resistências. Nisso já somos ativos o bastante, sem dúvida. Mas devemos deixar o doente a lidar sozinho com as resistências que lhe foram apontadas? Não podemos lhe prestar outro auxílio senão o que ele experimenta com o estímulo da terapia? Não é natural ajudá-lo também de outra forma, colocando-o na situação psíquica mais favorável para a desejada solução do conflito? Pois o que ele pode alcançar depende igualmente de uma série de circunstâncias externas. Devemos hesitar em interferir nessa constelação externa, modificando-a adequadamente? Penso que uma tal atividade do médico/psicanalista que analisa é inatacável e inteiramente justificada.

Os senhores percebem que aqui se abre para nós um âmbito novo da técnica psicanalítica, cuja exploração demandará esforço aprofundado, e que resultará em preceitos bem definidos. Não tentarei agora iniciá-los nessa técnica ainda em formação, limitando-me a destacar um princípio fundamental, que provavelmente dominará esse âmbito. Ele diz o seguinte: O tratamento analítico deve, tanto quanto possível, ser conduzido na privação, na abstinência.

Deixaremos para uma discussão mais detalhada verificar até onde isto é possível. Mas por abstinência não se deve entender a privação de toda e qualquer satisfação — o que seria naturalmente inexequível —, e tampouco o que no sentido popular se entende por isso, a renúncia ao ato sexual, e sim algo diverso, ligado muito mais à dinâmica do adoecimento e da recuperação.

Os senhores recordam que uma frustração fez adoecer o paciente, e que os sintomas lhe servem como satisfações substitutivas. Durante a terapia podem observar que toda melhora de seu sofrimento retarda o ritmo da recuperação e diminui a força instintual[7] que impele à cura. Mas também não podemos dispensar essa força instintual; uma diminuição dela é perigosa para nossa intenção de cura. Que conclusão se mostra então inevitável? Embora pareça cruel, temos de cuidar para que o sofrimento do doente, em alguma medida eficaz, não alcance um fim prematuro. Quando é mitigado pela decomposição e depreciação dos sintomas, temos que restabelecê-lo em outra parte como uma privação sensível; de outro modo corremos o perigo de nunca atingir senão melhoras modestas e pouco duradouras.

O perigo ameaça principalmente de dois lados, pelo que vejo. De um lado o paciente, cuja condição doente foi abalada pela análise, empenha-se bastante em criar, no lugar de seus sintomas, novas satisfações substitutivas não acompanhadas de sofrimento. Aproveita a imensa mobilidade da libido parcialmente liberada para investir com libido e elevar a satisfações substitutivas as mais diversas atividades, preferências, hábitos, incluindo aquelas que já existiam antes. Ele sempre acha novas distrações assim, nas quais se perde a energia necessária para a terapia, e sabe mantê-las secretas por algum tempo. É nossa tarefa detectar um a um esses desvios e exigir que renuncie a eles, por mais inofensiva que pareça a atividade conducente à satisfação. O indivíduo semicurado pode enveredar por caminhos não tão inofensivos; no caso de um homem, por exemplo, ao buscar uma ligação prematura com uma mulher. Observemos, aliás, que matrimônio infeliz e enfermidade física são os sucedâneos mais comuns da neurose. Satisfazem particularmente a consciência de culpa (necessidade de castigo), que faz tantos doentes se apegarem tenazmente à neurose. Com um desastrado matrimônio eles castigam a si mesmos; veem uma longa enfermidade orgânica como castigo do destino, e então frequentemente desistem de prosseguir com a neurose.

Em todas essas situações a atividade do médico/psicanalista tem de se manifestar como enérgica oposição às satisfações substitutivas prematuras. Para ele será mais fácil, no entanto, prevenir um outro perigo que ameaça a força instintual da análise, e que não deve ser subestimado. O doente busca satisfação substitutiva principalmente na terapia mesma, na relação de transferência com o médico, e pode inclusive procurar aí compensação para as outras renúncias que lhe são impostas. Alguma concessão lhe deve ser feita, maior ou menor, segundo a natureza do caso e a peculiaridade do paciente. Mas não é bom que seja demasiada. O analista que, tendo o coração solícito, digamos, dá ao doente tudo o que um indivíduo pode esperar de outro, incorre no mesmo erro econômico de que os sanatórios não analíticos são culpados. Estes objetivam apenas tornar tudo o mais agradável possível para o doente, a fim de que ele se sinta bem e goste de lá se refugiar das dificuldades da vida. Então renunciam a torná-lo mais forte para a vida, mais capacitado para suas genuínas tarefas. Na terapia analítica deve-se evitar todo mimo desse tipo. No que toca a sua relação com o médico, o doente deve conservar bastantes desejos não realizados. É apropriado recusar-lhe justamente as satisfações que ele deseja de modo mais intenso e sobre as quais se manifesta do modo mais premente. Não creio haver esgotado o alcance da atividade desejável para o médico, ao afirmar que na terapia deve ser mantida a privação. Uma outra orientação da atividade analítica, como bem se lembrarão, já foi motivo de polêmica entre nós e a escola suíça. Recusamo-nos decididamente a transformar em propriedade nossa o paciente que se entrega a nossas mãos em busca de auxílio, a conformar seu destino, impor-lhe nossos ideais e, com a soberba de um Criador, modelá-lo à nossa imagem, nisso encontrando prazer. Ainda me atenho a tal recusa, e penso que aí deve ter lugar a discrição médica que precisamos ignorar em outros pontos; também aprendi que o propósito terapêutico não requer em absoluto uma atuação assim abrangente para com o paciente. Pude ajudar pessoas com as quais não possuía qualquer vínculo de raça, educação, posição social ou visão de mundo, sem incomodá-las em sua individualidade. É verdade que então, no período dessa controvérsia, pareceu-me que as objeções de nossos defensores — creio que Ernest Jones, em primeiro lugar — soaram demasiado rudes e intransigentes. Não podemos deixar de acolher também pacientes tão desorientados e ineptos para a vida que será preciso aliar, em seu tratamento, a influência educativa com a analítica, e também para a maioria dos outros haverá ocasião em que o médico é obrigado a atuar como educador e conselheiro. Mas isso deve ocorrer com grande cuidado, e o doente não deve ser educado para se assemelhar a nós, mas para liberar e consumar sua própria natureza.

Nosso estimado amigo J. J. Putnam, na América que atualmente nos é tão hostil, nos perdoará por também não podermos aceitar sua reivindicação de pôr a psicanálise a serviço de uma visão de mundo filosófica, e de impor esta ao paciente a fim de enobrecê-lo. Na minha opinião, isso afinal não passa de violência, ainda que coberta das mais nobres intenções.

Ao perceber gradualmente que as várias formas patológicas que tratamos não podem ser resolvidas com a mesma técnica, chegamos a uma outra atividade, de espécie bem diferente. Seria prematuro discorrer pormenorizadamente sobre ela, mas dois exemplos podem esclarecer em que medida trata-se de uma nova atividade. Nossa técnica se desenvolveu no tratamento da histeria e continua direcionada para essa afecção. Mas as fobias já nos fazem ir além do procedimento que adotamos até aqui. Dificilmente dominamos uma fobia, se esperamos até que o doente seja levado a abandoná-la mediante a análise. É preciso agir de outra maneira. Vejamos o exemplo da agorafobia, de que existem duas classes, uma mais leve, a outra mais grave. Os fóbicos do primeiro tipo sentem angústia cada vez que saem sós pela rua, mas não deixam de sair por conta disso; os outros se guardam da angústia, renunciando a sair sós. No caso desses últimos, temos sucesso apenas quando conseguimos movê-los, através da análise, a novamente portar-se como fóbicos do primeiro grau, isto é, saindo à rua e desse modo combatendo a angústia. Primeiro, então, há que moderar a fobia; e somente quando se alcança isso, por instância do médico, é que o doente adquire as associações e lembranças que tornam possível a solução da fobia.

A espera passiva parece ainda menos indicada nos casos severos de atos obsessivos, que em geral tendem a um processo de cura “assintótico”, a um tratamento interminável, e em cuja análise há sempre o perigo de fazer vir à luz muitas coisas e nada mudar. Não me parece haver dúvida de que a técnica correta, nesse ponto, consiste apenas em esperar que a terapia mesma se torne uma compulsão, para depois, utilizando essa contracompulsão, suprimir violentamente a compulsão patológica. Mas os senhores veem que com esses dois casos lhes apresentei apenas amostras dos novos desenvolvimentos que se oferecem para a nossa terapia.

Por fim, quero abordar uma situação que pertence ao futuro, que para muitos dos senhores parecerá fantástica, mas que, a meu ver, merece que tenhamos o pensamento preparado para ela. Os senhores bem sabem que nossa ação terapêutica não é muito extensa. Somos apenas um punhado de pessoas, e cada um de nós, mesmo trabalhando esforçadamente, pode se dedicar apenas a um número escasso de doentes. Na abundância de miséria neurótica que há no mundo, e que talvez não precise haver, o que logramos abolir é qualitativamente insignificante. Além disso, as condições de nossa existência nos limitam às camadas superiores da sociedade, que escolhem à vontade seus próprios médicos, e nessa escolha são afastadas da psicanálise por todo gênero de preconceitos. Para as amplas camadas populares, que tanto sofrem com as neuroses, nada podemos fazer atualmente.

Agora suponhamos que alguma organização nos permitisse aumentar nosso número de forma tal que bastássemos para o tratamento de grandes quantidades de pessoas. Pode-se prever que em algum momento a consciência da sociedade despertará, advertindo-a de que o pobre tem tanto direito a auxílio psíquico quanto hoje em dia já tem a cirurgias vitais. E que as neuroses não afetam menos a saúde do povo do que a tuberculose, e assim como esta não podem ser deixadas ao impotente cuidado do indivíduo. Então serão construídos sanatórios ou consultórios que empregarão médicos de formação psicanalítica, para que, mediante a análise, sejam mantidos capazes de resistência e de realização homens que de outro modo se entregariam à bebida, mulheres que ameaçam sucumbir sob a carga de privações, crianças que só têm diante de si a escolha entre a neurose e o embrutecimento. Esses tratamentos serão gratuitos. Talvez demore muito até que o Estado sinta como urgentes esses deveres. As circunstâncias presentes podem adiar mais ainda esse momento. Talvez a beneficência privada venha a criar institutos assim; mas um dia isso terá de ocorrer.

Então haverá para nós a tarefa de adaptar nossa técnica às novas condições. Não tenho dúvida de que o acerto de nossas hipóteses psicológicas impressionará também os incultos, mas teremos de buscar a mais simples e palpável expressão para nossas teorias. Veremos, provavelmente, que os pobres se acham ainda menos dispostos a renunciar a suas neuroses do que os ricos, porque a difícil vida que os espera não os atrai, e a doença significa, para eles, mais um título à assistência social. É possível que só consigamos realizar algo se pudermos juntar auxílio psíquico e apoio material, à maneira do imperador José.* É também muito provável que na aplicação em massa de nossa terapia sejamos obrigados a fundir o puro ouro da análise com o cobre da sugestão direta, e mesmo a influência hipnótica poderia ter aí seu lugar, como teve no tratamento dos neuróticos de guerra. Mas, como quer que se configure essa psicoterapia para o povo, quaisquer que sejam os elementos que a componham, suas partes mais eficientes e mais importantes continuarão a ser aquelas tomadas da psicanálise rigorosa e não tendenciosa.


NOTAS

  1. Acréscimo nosso [Clinicand].
  2. “Motivos, instintos”: Motive, Triebregungen. As versões estrangeiras do presente artigo, consultadas durante a elaboração desta, recorrem a: motivos o impulsos instintivos [foi colocado “ou” no lugar da vírgula]; motivos, mociones pulsionales; motivazioni, moti pulsionali; les émois instintuels [foi omitido o primeiro substantivo]; motives, instinctual impulses; motieven, driftimpulsen. Essas traduções estrangeiras são: a espanhola de Lopez-Ballesteros (Biblioteca Nueva), a argentina de J. L. Etcheverry (Amorrortu); a italiana dirigida por C. Musatti (Boringhieri), a francesa de Anne Berman (em La technique psychanalytique, PUF), a inglesa de James Strachey (Standard edition xvii) e a holandesa de Wilfred Oranje (Boom). Quanto aos problemas que envolvem a tradução de Triebregung, ver capítulo sobre Trieb e Apêndice, em Paulo César de Souza, As palavras de Freud: o vocabulário freudiano e suas versões (São Paulo: Companhia das Letras, nova ed. revista, 2010). Nesse mesmo parágrafo, “motivos instintuais” foi a tradução dada a Triebmotive; na segunda vez em que a expressão ocorre, mais para o fim do parágrafo, ela foi trocada na Standard inglesa, onde se lê instinctual impulses.
  3. “Impulso sexual”: Sexualstreben; o verbo streben — aqui substantivado—significa “esforçar-se por, aspirar a, ambicionar”; os tradutores recorreram a: instinto sexual, querer-alcanzar sexual, impulso sessuale, aspirations sexuelles, sexual impulsions, seksuele streven.
  4. “Tendências”: Strebungen — nas outras versões: impulsos, aspiraciones, correnti, aspirations, trends, strevingen; ver nota anterior. Esse substantivo pode ser criação de Freud, pois não é usado no alemão de hoje e não foi encontrado num dicionário de sua época (o Muret-Sanders, por ele citado no texto “O inquietante”, neste volume). Logo em seguida, na mesma frase, “compulsão” traduz Zwang, que também pode significar “coação” e “obsessão”; nas traduções consultadas foi vertida, nesse caso, por tendencia, compulsión, coattivamente, attrait compulsionnel, compulsion, dwang.
  5. “Nexo”: Zusammenhang, que também pode significar “contexto, conexão, concatenação
  6. Na análise química sucede algo semelhante, afinal. Enquanto o químico isola certos elementos ocorrem sínteses não desejadas por ele, devido aos laços liberados, à afinidade eletiva das substâncias.
  7. “Força instintual”: Triebkraft — nas versões estrangeiras consultadas: fuerza instintiva, fuerza pulsional, forza pulsionale, force pulsionnelle, instinctual force, drijfkracht. O termo alemão tem o significado geral, registrado nos dicionários, de “força motriz”, também em sentido figurado. O leitor deve ter em mente essa outra possível tradução.

* Referência ao imperador José ii da Áustria (1741-1790).


Texto publicado em FREUD, Sigmund. Obras Completas vol.14 (1917-1920), Companhia das Letras. Tradução de Paulo César de Souza.

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