A Esquizoanálise é nossa caixa de ferramentas, foi desenvolvida pelo filósofo Gilles Deleuze e pelo psicanalista Félix Guattari, em suas obras “O Anti-Édipo” (1972) e Mil Platôs” (1980). As aulas abaixo são três cursos acerca destas obras fundamentais ao nosso trabalho na clínica e em múltiplas instituições da qual fazemos parte. Os cursos foram ministrados pelo prof. Bruno Cava¹, pesquisador associado à rede Universidade Nômades.
Nos últimos anos é possível perceber um avanço das produções de cursos e publicações científicas de estudiosos (de diversas partes do país e do mundo) acerca das obras de Deleuze e Guattari. Alguns cursos sobre suas obras são pagos e outros gratuitos. Hoje compartilhamos algumas contribuições advindas do Rio de Janeiro, de cursos livres, que pude ter a oportunidade em aprender um pouco mais sobre a filosofia da diferença e me afetar com os encontros coletivos. Muitos destes pesquisadores tem realizado cursos abertos tanto na universidade pública (Universidade Federal Fluminense (UFF) e Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)) como em parcerias com o Museu da República e Casa de Rui Barbosa com membros da Universidade Nômade.
O primeiro destes cursos que compartilhamos é intitulado “MARX + DELEUZE E GUATTARI: CAPITALISMO E SUBJETIVIDADE“, realizado em parceria do Museu da República com a Universidade Nômade, no Rio de Janeiro/RJ, entre 15 de setembro e 10 de novembro de 2015, o segundo curso livre “DELEUZE E GUATTARI POLÍTICOS: RELER MIL PLATÔS“, ministrado no Casa de Rui Barbosa, entre março e maio de 2017, pelo coletivo Mil Brechas e Prof. Bruno Cava, e o terceiro “DELEUZE + GUATTARI: RECONTAR PLATÔS“, realizado em 2018 na Casa de Rui Barbosa (RJ) tendo em sua ementa a obra “Mil Platôs – capitalismo e esquizofrenia“, um dos mais instigantes e desafiadores trabalhos teóricos resultantes do encontro de D&G. Foi publicado em 1980, como segundo volume do “Anti-Édipo” (1972). Desta maneira, este curso objetivou propiciar um espaço de vitaminação de métodos e práticas a partir do impulso criativo deleuze-guattariano, que permite problematizar, sob os mais diversos ângulos, a formulação de problemas éticos, políticos ou estéticos dentro da crise do capitalismo. Reafirmamos com Cava, que Reler e Recontar “Mil Platôs” significa, sobretudo, interrogar o nosso presente com base na ativação de linhas de fuga para os impasses, aporias e paradoxos que têm tornado a ação criativa, minoritária, artística e ativista (tudo misturado) um permanente desafio em escala local, nacional e global.
CURSO 1:
MARX + DELEUZE E GUATTARI: CAPITALISMO E SUBJETIVIDADE (2015)
01. Crítica dos jovens hegelianos
02. Marx e os hegelianos de esquerda: a práxis, a ruptura materialista
03. Utopia & Imanência: crer no mundo (18.08.2015)
04. O valor das coisas: ideologia e desejo em “O anti-Édipo” (25.08.2015)
05. Virada maquínica, Fragmento sobre as máquinas, Simondon (01.09.2015)
06. Inconsciente fábrica, Henri Bergson e Raymond Ruyer (08.09.2015)
07. O anti-Édipo (parte 1): crítica da psicanálise (15.09.2015)
08. Proust e os signos (24.09.2015)
09. O anti-Édipo (parte 2): sínteses passivas do inconsciente (29.09.2015)
10. O anti-Édipo (parte 3): selvagens (06.10.2015)
11. O anti-Édipo (parte 4): bárbaros (13.10.2015)
12. O anti-Édipo (parte 5): capitalistas (20.10.2015)
13. O anti-Édipo (parte 6): axiomática social (27.10.2015)
14. O anti-Édipo (parte 7): mais-valor maquínico (03.11.2015)
15. O anti-Édipo (parte 8): aceleracionismo (17.11.2015)
CURSO 2:
DELEUZE E GUATTARI POLÍTICOS: RELER MIL PLATÔS (2017)
Aula 1 – introdução a Mil Platôs
Aula 2 – Platô 8 – molar e molecular
Aula 3 – Platô 9 – micropolítica
Aula 4 – Platô 13 – servidão maquínica
Aula 5 – Sociedades de controle
Aula 6 – Platô 11 – ritornelo
Aula 7 – Platô 10 – devir-minoria
Aula 8 – Platô 7 – rostidade
Aula 9 – Platô 6 – Corpo sem Órgãos (Cso)
CLIQUE AQUI PARA ACESSAR O CURSO
CURSO 3:
DELEUZE + GUATTARI – RECONTAR PLATÔS (2018)
Aula 01 – Introdução a Deleuze e Guattari, Mil Platôs
Aula 02 – Platô 1 – Manifesto Rizoma
Aula 03 – Platô 2 – Adeus à psicanálise
Aula 04 – Platô 4 – Para pôr fim ao julgamento de Deus
Aula 05 – Platô 5 – Semióticas aberrantes
Aula 06 – Platô 3 – Quem a Terra pensa que é?
Aula 07 – Platô 14 – O novo nomos da Terra
Aula 08 – Platô 15 (conclusão) – Máquinas abstratas
PREMISSA do curso Recontar Platôs:
No final da década de 2010, os impasses e problemas se multiplicam e se aprofundam. De um lado, uma atitude supercrítica procura incessantemente denunciar os mecanismos totalitários de controle pervasivo do real e do social, numa espécie de dever moral em identificar o poder onde quer que ele se exerça e suscite efeitos. Do outro lado, a aquiescência resignada ao presente alterna atitudes existenciais entre a ironia pós-moderna que reduz os problemas ao indiferenciado e certo senso barroco de fado, que ora se reflete num desesperado tom festivo, ora numa lamentação interminável. No primeiro caso, a crítica do sistema tende a identificar-se com a sensação de inutilidade da própria crítica, tragada no Espetáculo Totalitário em que a verdade não passa de um momento do falso. A verdade se iguala à pós-verdade e a batalha de narrativas é convertida em mera instrumentalização de uma vontade de Sujeito. É-se desarmado e entregue, assim, à dialética do menos pior: ou eu, ou o dilúvio! No segundo caso, a submissão ao jogo de forças reduz a ação ética ou estética à aceitação das representações dadas, no horizonte do fim da história. Como não há mais jeito, tudo se resolve num jogo que se compraz da própria fatuidade, num dionisismo de bolso. O resultado global dessa equação perversa é um duplo impasse, um duplo entrincheiramento centrípeto, um ‘double bind’ entre a melancolia do pós-sujeito e o furor restaurativo daqueles que apostam nos fanatismos da vez, em valores firmes, a territorialização das identidades essencializadas, os grilhões dos lugares de fala, os microtribunais e microdelegacias por todo lado (o “policial interior” de Foucault, o Nova Control de Burroughs). Entre o multiculturalismo e o populismo, entre fascismos das mais variadas colorações ideológicas, entre a anulação das oposições em nome da diversidade das belas almas e a reafirmação de binarismos duros de um passado inexistente, hoje as camisas de força são mentais. O livro-rizoma Mil Platôs é reativado, nesse estado de coisas, no intuito de contribuir para o deslocamento do inferno das conjunturas, para a reabertura do que se apresenta como divisão policial do dizível e do sensível, em busca de novas linhas de teoria e prática. Para repercorrer em diagonal as forças inconjunturais, no avesso dos dilemas, reconduzindo as questões à gênese de devires e linhas de fuga, evitando a todo custo recair em dicotomias normativas que mobilizam os referenciais teóricos somente para desenhar caminhos de salvação (a micropolítica, o molecular, o múltiplo etc.) ou de perdição (o inverso). Não se trata disso, de inflamadas parafernálias conceituais recheadas de estilemas e rebuscamentos, pois Mil Platôs é um livro de sobriedade. O múltiplo não é nem está dado: ele se faz, e se faz por subtração, rarefação e desertificação. Nada mais distante do referencial proposto do que loas ao rizomático, pois da proliferação de devires e extravasamentos esquizos não se pode concluir que estejamos à altura dessas forças, nem que possamos enxergá-las e muito menos contar com elas para a criação. Para isso, é preciso fazer, e a filosofia é um fazer, filosofia prática, levada à imanência, à multidão, ao nomadismo, para então renovar-se e estimular novos ataques e ressonâncias. Para instaurar métodos e práticas capazes de constituir outra Ética e outra Estética. Que provoquem, ainda que de maneira precária e parcial, a vivência plena de impasses e problemas, que possibilitem que voltemos a viver *politicamente*, isto é, com toda a força de nosso desejo. (Texto produzido pela Universidade Nômade)
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NOTA
- Bruno Cava é pesquisador associado à rede Universidade Nômade (uninomade.net). Professor de Filosofia, oferece cursos livres em instituições culturais no Rio de Janeiro (Cinemateca do MAM, Casa de Rui Barbosa, Museu da República). É graduado em Engenharia pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica – ITA e em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, pela qual também é mestre em Filosofia do Direito. Autor de vários livros, como “A multidão foi ao deserto” (AnnaBlume, 2013), New Neoliberalism and the Other. Biopower, antropophagy and living money (Lanham: Lexington Books, 2018), com Giuseppe Cocco; coeditor da Revista Lugar Comum, e publica artigos em diversos sites, periódicos e revistas, como Chimère, Multitudes, The Guardian, Le Monde Diplomatique, Alfabeta2, Al Jazeera, South Atlantic Quarterly, Direito e Práxis. Ministrou o Curso “Marx + Deleuze – capitalismo e subjetividade” em três edições, duas no Museu da República (2015 e 2016) e uma na Casa de Rui Barbosa (2016.2), além de cursos sobre Guattari, Bergson e cinema, na Cinemateca do MAM e noutros espaços culturais do Rio de Janeiro, Belo Horizonte, São Paulo e Porto Alegre.
muito legal! onde está o link ou hora e sessao para poder ver as aulas?
Basta clicar onde está escrito “CLIQUE AQUI”
Da certificado gratuitamente?
Não, apenas disponibilizamos o curso realizado nos últimos anos.
Anderson, saudações! Vou habitar o conteúdo. AbraçãooOOOO!
boa tarde O áudio da aula do Antiédipo, sobre Bárbaros, segunda parte não esta reproduzindo. Gostaria muito de ouvir…. Tem como disponibilizar outro. Meu email mcrisoramos@gmail.com
Não tenho como disponibilizar, pois este áudio – aparentemente – desapareceu do espaço virtual.
Anderson, a pasta da aula 9 do curso 2 (sobre o corpo sem órgãos) está vazia. Teria como disponibilizar o áudio novamente?
E muito obrigada por disponibilizar tanta coisa aqui, está sendo uma experiência maravilhosa!
Olá Maria, não consigo disponibilizar este arquivo, pois este é o drive do prof. Bruno Cava, apenas fiz o redirecionamento no site.