POR UM FIO: UMA ESCUTA DAS DIÁSPORAS PULSIONAIS – por Kwame Yonatan

A colonialidade foi um incêndio que dizimou milhares de etnias, culturas e modos de existência. Todavia, ainda andamos sob as cinzas e brasas que nos queimam. Ela é uma expressão objetiva da exploração do Modo Capitalista de Produção (MCP) e, ao mesmo tempo, sua materialidade não seria possível sem estar acompanhada de um modo de produção de subjetividades que é correlato ao MCP: o Modo de Produção Colonial (MPC). Os efeitos subjetivos do MPC são verificados tanto no colonizado quanto no colonizador.

Diante disso, nossas questões fundamentais de pesquisa são: o que produz a colonialidade? Podem a clínica particular e as instituições da rede socioassistencial driblarem os efeitos do MPC? Para respondê-las, é preciso cartografar, ou seja, mergulhar no campo subjetivo em que o desejo é instrumentalizado pelo MPC. Nossa hipótese é a de que o MPC não será efetivamente superado sem um trabalho voltado para a política do desejo. Nessa perspectiva, a Psicanálise é instrumento de mergulho nos processos de produção da subjetividade a fim de reavaliar os efeitos da colonialidade na obstrução dos processos de singularização.

Contudo, para tanto, o discurso psicanalítico também precisa passar por uma reavaliação crítica e, portanto, clínica, em relação aos atravessamentos da colonialidade em sua práxis. Assim, pode tornar-se capaz de cartografar uma micropolítica ativa do desejo. Diante disso, o objetivo desta tese é analisar o alcance da clínica no tratamento das sequelas do MPC que, de tão profundas, estão à flor-da-pele.

Para tal empreitada, mergulhamos no dispositivo colonial-escravocrata. Apontamos as implicações subjetivas dos efeitos da colonialidade e sugerimos possibilidades de como agir eticamente a partir da clínica, em uma “escuta com o olhar”, que possibilita ressignificar e dar passagem a processos de singularização. Nesse sentido, nossa pesquisa extrapola o consultório particular, forja dispositivos clínicos nas políticas públicas e propõe uma perspectiva de aquilombamento a ser adotada na paisagem social.

Com isso, concluímos esta pesquisa vital buscando colocar a clínica à altura de um dispositivo de aquilombamento, que se traduz em uma reorientação ética que visa um deslocamento micropolítico ativo do desejo. Ademais, através do aquilombamento da clínica, foi possível inventar zonas temporárias em que a perspectiva da produção de diferença, em processos de singularização, foi sustentada e intensificada pela tessitura de fios de vida. Constatamos, assim, que é preciso um diagnóstico ético que busque brechas no MPC para que se forje um lugar de escuta da pulsão diaspórica, na qual a produção da diferença possa retornar.

PARA ACESSAR O ARQUIVO-TESE

BASTA CLICAR NO TÍTULO:

SANTOS, Kwame Yonatan Poli dos. POR UM FIO: UMA ESCUTA DAS DIÁSPORAS PULSIONAIS (2022)

Abaixo vocês podem acessar/assistir ao momento de defesa da tese de doutorado de Kwame Yonatan Poli dos Santos, orientada por Suely Rolnik, tendo na banca a participação de Rosane Borges, Renato Noguera, Maria Cristina Vicentin e João Perci Schiavon.

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