FÉLIX GUATTARI E TETSUO KOGAWA: UMA BREVE INTRODUÇÃO

Texto de apresentação do livro “GUATTARI/KOGAWA. Rádio livre. Autonomia. Japão” (2020, editora sobinfluencia), organizado por mim.


O livro “Guattari/Kogawa. Rádio livre. Autonomia. Japão” trata-se de um acontecimento. O acaso nos levou ao encontro do site Anarchy[1], um espaço translocal e polimorfo onde as pulsações políticas do desejo do filósofo e rádioartista Tetsuo Kogawa pululam desde 1995, ano em que criou o próprio servidor, começou a circular seus artigos e comunicar-se com uma multidão de outros territórios pelo mundo. Agenciamentos é aquilo que chamamos para estas conexões que se aumentam em multiplicidades incontáveis e isto diz respeito ao rizoma, o qual faz os fluxos percorrerem corpos múltiplos por estas terras sentindo a vida mais viva. É todo um universo imenso de afetos que sentimos transpassar por nós como ondas do mar, como ondas do ar, como ondas de um amar. Dito isto, percebemos que não existem mais pontos como em uma estrutura, nem mesmo raiz, mas linhas e forças.

Em entrevista a François Dosse[2], Hidenobu Suzuki, antigo aluno de Gilles Deleuze e responsável por gravar[3] todos os seminários do filósofo entre 1979 e 1987, diz que segundo Félix Guattari as duas cidades que mais lhe interessavam eram São Paulo (Brasil) e Tókio (Japão). Dois laboratórios imensos e a céu aberto, assim como o pensamento de Guattari e Deleuze. O duplo. A dupla. Um militante multidão que tem seu pensamento ecoando cada vez mais em territórios pelo mundo. Evidentemente, tudo isto ressoa em nós, é como uma ferramenta que faz a máquina de guerra funcionar. A fábrica se torna cada vez mais potente aliada a Guattari e tantas outras pessoas que viveram em sua companhia contribuindo para a produção de vida.

De início encontra-se neste livro a transcrição e tradução de três entrevistas de Kogawa com Guattari em Tókio. Mas, afinal, como Guattari chegou ao Japão naquela época? É difícil datar com precisão algumas de suas visitas[4], entretanto, com a grande contribuição de Kogawa que buscou com seus colegas a informação mais precisa da chegada de Guattari ao Japão, descobrimos que seu pouso neste território aconteceu em 11 de outubro de 1980 através do programa de intercâmbio de intelectuais franceses, sob a curadoraria do Instituto Franco-Japonês de Tókio, juntamente a Alain Jouffroy[5], permanecendo no país até 25 de outubro daquele ano.  No programa do Instituto Franco-Japonês de Tókio, Guattari ministrou duas palestras[6] em Tókio e Kyoto, participou de um simpósio de psicanalistas (não filósofos, nem acadêmicos literários) e abriu diálogos com o psicanalista Kimio Moriyama, que possuia um círculo de aliados não acadêmicos, mas político e militante. Moriyama interessou-se pelo trabalhado de Guattari como um ativista e psicanalista que se movimentava de maneira semelhante, e, certa vez também realizou um convite a Guattari para retornar ao Japão. De acordo com Kogawa, Moriyama escreveu que ficou muito surpreso e impressionado que, antes do primeiro encontro de Guattari para um jornal, ele de repente foi visitar o prédio “Akarenga” da ala médica da Universidade de Tókio, que estava sob controle autônomo desde 1968. E mesmo alguns anos depois, ele os visitou novamente, provavelmente em 1985. Para Kogawa é estranho que Guattari nunca tenha escrito sobre Moriyama enquanto escreveu sobre Keiichi Tahara, Tanaka Min,  Shin Takamatsu… que pertenciam às culturas tradicionais.

As teses de Guattari e Deleuze começaram a circular no território japonês somente após 1977, ano em que o pesquisador e tradutor da literatura francesa, Koichi Yoyosaki (1935-1989), realizou a tradução de Rizoma para o japonês. Porém, posteriormente, um erudito literário traduziu Kafka: Por Uma Literatura Menor em 1978, mas o texto apresentou diversos erros de tradução. A primeira publicação de O Anti-Édipo no Japão ocorreu somente nos anos 80. Cabe ressaltar que nos anos 1979/80 ainda não havia nenhuma tradução para o japonês da produção intelectual de Guattari que não estivesse ligada ao nome de Deleuze.  Somente a partir dos anos 80 através de Masaki Sugimura e seus trabalhos como tradutor das obras A Revolução Molecular[7]As Três Ecologias[8] e Psicanálise e Transversalidade[9], as ideias guattarianas foram sendo multiplicadas para o idioma japonês. Sugimura, engajado em sua militância contra o sistema do Imperador e incomodado pela situação política no Japão, contribui para as lutas com essa importante caixa de ferramentas para uma revolução molecular. Na sequência, os tradutores Sugim, Kan Miyabayashi e Akihiro Ozawa, publicam Os Anos de Inverno[10] e Caosmose[11]. Não podemos esquecer de mencionar a importante publicação das obras O Inconsciente Maquínico[12] e Cartografias Esquizoanalíticas[13] para o japonês.

O que há em comum em Guattari/Kogawa? Agenciamentos, multiplicidades, rizomas, militâncias, pesquisas e produções entre cinema, literatura (Kafka!), tecnologia, mídia, rádios livres… Porém há sobre Guattari/Kogawa uma certa invisibilidade ainda em determinados espaços de produção do saber.

Não sabemos por qual motivo permaneceu ausente no livro Gilles Deleuze & Félix Guattari: biografia cruzada o encontro com Kogawa no Japão e os contatos para além de Suzuki e Uno, este último filósofo e um dos tradutores de O Anti-Édipo[14] e Mil Platôs[15] para o japonês. Nos anos 80 Uno também convidou Guattari para ir ao Japão, onde chegou a fazer uma conferência sobre a esquizoanálise na universidade de Kyoto[16]e conheceu militantes de Okinawa e hospitais psiquiátricos.

O encontro entre Guattari e Kogawa aconteceu através da mediação de Naoyuki Takashima[17], editor do jornal radical Nippon Dokusho Shinbun ao qual o filósofo japonês estava associado como colunista[18]. Em 1979, ele causou agitação entre os movimentos de esquerda radical no Japão[19] após a publicação de seu artigo sobre o Autonomia italiana. Deste modo reconhecido pelo seu trabalho, Kogawa foi convidado para entrevistá-lo, pois naquela época durante suas viagens para Nova York já percorria sua pesquisa e leitura pelos trabalhos de Guattari e Gilles Deleuze, principalmente pelos movimentos na França e Itália pós maio de 68.

Este primeiro encontro com Kogawa em 18 de outubro de 1980 aconteceu em uma das salas da Casa Franco-Japonesa[20], localizada em Tókio. Através dos áudios foi possível perceber que haviam terceiros no encontro, como fotógrafo, tradutor e Takashima. Inicialmente a comunicação seria realizada de maneira indireta, mas isto causou certo incomodo em Kogawa que tomou a atitude de solicitar a permissão de Guattari para que a conversa pudesse ser diretamente em inglês e o mesmo concordou. Desta maneira, os diálogos circularam entre o idioma inglês e francês e em alguns pequenos momentos com a contribuição do tradutor.

A partir deste momento os territórios Guattari/Kogawa são construídos bloco por bloco. O alicerce estava em outros tempos, talvez desde as experimentações de Kogawa nos EUA e a militância de Guattari na França e Itália. Os diálogos desta primeira entrevista atravessam o campo da macro e micropolítica, os fenômenos do capitalismo mundial integrado, os microfascismos, a colonização das mídias, o Autonomia Operária, movimento liderado por Antonio Negri, preso no final dos anos 70 pela polícia italiana. Guattari destaca o apoio e as manifestações pela libertação dos militantes das rádios livres e dos movimentos de esquerda, assim como o camarada Negri. Em sua fala percebemos seu envolvimento de corpo e alma nestas lutas e militâncias juntamente com seus aliados de toda parte do planeta. Kogawa nos relata que chegou a organizar um comitê em apoio a Antonio Negri no Japão e que o filósofo italiano contribuiu enviando diretamente da prisão de Rebibbia uma carta em inglês ao país. Este documento foi lido em reunião através da transmissão pirata na rádio livre japonesa. Kogawa declarou estar preparado para alguma ação policial que pudesse vir acontecer posteriormente após este ato, mas nada ocorreu, talvez em razão da carta ter sido ouvida pelo público em alguma escala.

A conversação continua pelas seguintes questões: como surgiu as rádios livres na França? Quais as críticas de Guattari a rádio como mídia de massa? Experimentações pelas ondas do ar. Guattari nos apresenta a Radio 80 por onde circulavam transmissões transversais de comunicação. As rádios livres estavam produzindo uma outra forma de circulação da palavra, de afetos, uma outra semiótica.

Guattari nos aponta a importância de ocuparmos os meios de comunicação e não deixar estas mídias nas mãos do capitalismo, portanto, o movimento das rádios livres trata-se também da reinvindicação social para uma luta revolucionária. No âmbito teórico, também comenta sobre seu deslocamento de Nietzsche e sua aproximação ao filósofo Maurice Merleau-Ponty. Segundo ele, a filosofia de Merleau-Ponty sofreu um apagamento com a onda do estruturalismo dos anos 1950/60, mas Guattari encara o seu conceito de ritornelo como o cruzamento das pesquisas da etologia com o trabalho deste filósofo.

A entrevista caminha para criação de conceitos: agenciamento, encontro, segmentaridade, desterritorialização, máquinas desejantes. É sempre bom lembrarmos que os conceitos jamais são categorias universais, mas sim ferramentas para um campo específico. Posteriormente, de passagem, fala-se sobre o encontro entre Guattari e Deleuze: como aconteceu? Respondemos de antemão com alguns acréscimos: pós maio de 1968, mais especificamente em 1969, por intermédio de um colega de trabalho de Guattari, o psicanalista e psiquiatra na clínica La Borde Jean-Pierre Muyard. A partir deste encontro-acontecimento sabemos bem o que houve: uma produção imensa através de belíssimas composições transdisciplinares, tendo início pela obra O Anti-Édipo: Capitalismo e Esquizofrenia (1972) até chegar em O Que é a Filosofia? (1991). Guattari nos conta quem dos dois começou a trabalhar com Kafka e qual foi o momento para esta produção acerca dos estudos sobre a libido burocrática e perversa nos personagens de Kafka. Para ele: “Kafka é um grande analista de uma mutação fundamental do inconsciente molecular contemporâneo, que nos permite compreender quais foram as mutações libidinais que conduziram ao sistema soviético e ao sistema fascista”.

Em 10 de novembro de 1980, somente um trecho desta primeira entrevista foi publicado no jornal Nippon Dokusho Shinbun. Entretanto, logo após a primeira entrevista, Kogawa conversou com Shigeru Hattori, editor do ImageForum, jornal dedicado ao cinema experimental, sobre o recente diálogo com Guattari. Então, Hattori aproveitou este momento para convidá-los a realizar uma segunda entrevista em conjunto, objetivando saber mais detalhes de Guattari acerca das rádios livres na França e Itália. 

Portanto, a segunda entrevista aconteceu em 24 de outubro de 1980. Neste encontro o editor levou um intérprete de francês, porém apresentou muitas dificuldades em traduzir os conceitos de Guattari. Novamente, Kogawa intervém e o entrevista diretamente em inglês. Para ele o francês ainda era somente uma língua escrita e o inglês uma língua oral, devido às suas viagens a Nova York através de suas atividades de pesquisa e alianças com intelectuais norte-americanos. A propósito, o primeiro livro de Kogawa foi uma tradução do livro francês Husserl, de Ludovic Robberechts pela Editions Universitaires em 1971.

Quem mergulhar na onda desta segunda entrevista irá se encontrar com as conversações entre a situação na Europa no que diz respeito à indústria cultural e intervenções do Estado; as forças de esquerda enquanto vítimas e cúmplices do sistema; os momentos de enfrentamentos contra o sistema capitalista e burocrático onde houve a confiscação dos materiais, processos judiciais e prisões de militantes e a compreensão de Guattari em relação as rádios livres. Afinal, qual a importância deste movimento para as lutas sociais? Qual a história das rádios livres na França? Qual a diferença em relação a Itália? A Rádio Paris 80 fala sobre esquizoanálise? Deixamos neste entre a seguinte pergunta: precisamos fazer um discurso sobre a esquizoanálise? Por fim a entrevista encerra com as discussões sobre as diferenças entre cidades e países, em termos de cultura e de linguagem; a colonização do campo e o imperialismo parisiense; Godard e o cinema, Guattari-Deleuze e a Psicanálise.

Por falar em cinema: qual o envolvimento de Guattari com o cinema? Para esta questão vamos acrescentar alguns pontos. Sabemos que ele participou do roteiro de quase três filmes.  O primeiro em 1980, intitulado Le Cahier Vert, dirigido por François Pain, seu amigo, o qual foi preso naquele período logo após ter alegado envolvimento com movimentos radicais; o segundo roteiro desenvolvido entre 1980 e 87 para o filme A Love of UIQ, em conjunto ao cineasta norte-americano Robert Kramer e, o terceiro, permaneceu somente como um projeto, o filme Luz Negra[21] com o fotógrafo Keiichi Tahara.

Guattari finaliza esta segunda entrevista comentando com suas próprias palavras um pouco acerca de sua biografia, passando pela universidade e sua formação em psicanálise e análise com Lacan, assim como seu trabalho com uma equipe multidisciplinar em La Borde. Um trecho desta entrevista foi publicado na edição de ImageForum em 6 de julho de 1981. Para Kogawa, o motivo que levou quase um ano para publicação parcial desta entrevista pode ser explicado pela dificuldade que deve ter ocorrido para traduzirem o texto, mas também considera que o jornal era basicamente para filmes, fazendo com que as entrevistas ocupassem um espaço com menos prioridade.

Após estes dois primeiros encontros Guattari e Kogawa continuaram em contato através de cartas. Em uma destas, o intelectual francês apresentou seu desejo de retornar e manter os diálogos interculturais entre França e o Japão. A esquizoanálise estava no ar. As rádios livres estavam em movimento. Assim, quando Guattari retornou ao Japão, Kogawa entrou em contato com Takashima e juntamente com o fotógrafo Kazumi Hirose foram ao hotel onde o filósofo francês estava hospedado. Mas desta vez, eram apenas os quatro e as conversações puderam ser mais livres, semelhante as rádios, sem demais interrupções[22].

Guattari responde a questões como: o que pensa sobre o novo governo da França? França Socialista? Existe um comunismo na Itália? Há um eurocomunismo? Após alguns meses: como está Negri? Alguns intelectuais estão presos e outros se foram – tanto fisicamente quanto simbolicamente… Quem são eles? Ah, e a psicanálise! Ela funciona como uma espécie de poder colonial em relação ao inconsciente? ? O que é desejo? E multiplicidade? Guattari ainda está ligado a ideia do processo esquizo? Qual a diferença entre semiótica significante, a-significante e pós-significante? E o que é a esquizoanálise para Guattari? A esquizoanálise pode ser como um movimento internacional ou vir a funcionar como uma escola? Em relação a esta última questão reafirmamos, como Guattari, que não. Para ele a esquizoanálise é algo que nos propõe uma reflexão sobre as formas analíticas reais na maneira como aparecem. Os problemas do inconsciente no campo social não dizem respeito aos “especialistas”, mas sim a toda uma comunidade… E Kafka? Eis a grandeza de um “esquizoanalista”. Kafka-Freud-Marx, três grandes mestres que deixaram muitos ensinamentos.

Esta terceira e última entrevista foi publicada parcialmente em fragmentos no Nippon Dokusho Shinbun, nos dias 22 de junho, 29 de junho e 6 de julho de 1981.

Quando Guattari faleceu em 1992, o filósofo e amigo, Deleuze, escreveu que a obra de Félix ainda está para ser descoberta e redescoberta[23], e que fazê-la viver é uma das belas maneiras de mantê-lo vivo. As forças de Guattari não são diminuídas por quem silencia seu nome ao lado de Deleuze. Infelizmente a colonização ainda se faz presente, mas felizmente o legado de Guattari traz um reavivamento nas forças de uma resistência incansável e em luta constante para descolonizar o inconsciente e potencializar a vida. Não se trata de rostificar Guattari em nossas paredes, mas sim de reconhecer a importância do conjunto de sua obra e de sua militância clínico-ética-política, a qual perpassa pelos movimentos sociais e lutas antimanicomiais. O nomadismo o faz atravessar centenas de partículas corporais, agir rizomaticamente em terrenos antes visto como vazios, mas repleto de uma natureza triunfante, que persevera, persiste, resiste.

Neste período de produção, transcrição, tradução e muitos diálogos, nossa fábrica funcionou coletivamente e de maneira intensa. Através das centenas de mensagens de texto via e-mail, telefone, chamadas de vídeo, telefonemas, sentimos um aumento de potência em cada encontro coletivo. Há neste movimento ético, clínico, político e estético, uma das tantas auroras que não brilharam ainda[24]. Novos mundos possíveis.

Ao final do livro, quem estiver por estes territórios poderá se desterritorializar para outros terrenos, assim como: uma entrevista realizada em novembro de 2020 com Tetsuo Kogawa e os textos Tókio, A Orgulhosa (F. Guattari), Rádios Livres Populares (F. Guattari), Manifesto Por Uma Rádioarte (T. Kogawa), Tetsuo Kogawa: uma experiência radiofonica (Pali Meusault) e Agenciamentos Radiofônicos (Anderson Santos e Álan Belém). Desta forma, as próximas páginas podem continuar a serem aproveitadas e desfrutadas com uma leitura repleta de horas de diálogos e histórias que aconteceram entre o Sol e a Lua, noite e dia, pois assim nos encontramos desde o Brasil ao Japão. Que este seja o início de muitos outros encontros porvir.

Anderson dos Santos

São Paulo, novembro de 2020


NOTAS

  1. Livre acesso em: https://anarchy.translocal.jp/
  2. Dosse François. Gilles Deleuze & Félix Guattari: biografia cruzada. Porto Alegre: Artmed; 2010.
  3. Suas gravações fazem parte do arquivo da Biblioteca Nacional da França.
  4. Para saber mais sobre sua visita ao Japão, conferir a leitura do capítulo Japanese Singularity (pp.122-151) no livro Félix Guattari: An Aberrant Introduction, por Gary Genosko, publicado pela editora Continuum, 2002.
  5. Alain Jouffroy (1928-2015) foi um poeta, escritor e crítico de arte francês. Visitou diversas vezes o Japão através do Instituto Franco-Japonês de Tókio nos anos 1980. Na época, Claude Robert, o diretor (entre 1977-81) do Instituto Franco-Japonês de Tókio era muito ativo no intercâmbio de intelectuais entre os dois países. Jouffroy foi nomeado conselheiro cultural da Embaixada da França em Tókio e ocupou o cargo entre 1983 a 1985, neste período organizou os dois primeiros encontros culturais franco-japoneses, onde desenvolveu especialmente uma antiga curiosidade pelo Zen Budismo. Em 1980 possivelmente também recomendou Félix Guattari ao Instituto Franco-Japonês de Tókio. Ao retornar à França, Jouffroy encontrou-se marginalizado dentro do meio intelectual, porém criou com Guattari um Clube, trata-se de uma sociedade informal que reuniu entre 1987 e 1989 dezenas de artistas e escritores em torno da renovação da noção de comunidade.
  6. A tradução de sua palestra em 17 de outubro de 1980 foi realizada por Koichi Toyosaki, publicada na Revista Umi (edição de dezembro de 1980) sob o título Kikaijo-muisihi to bunshikakumei (O inconsciente maquínico e a revolução molecular). No posfácio desta tradução, Toyosaki mencionou Jouffroy (pp. 293-296) e escreveu que Guattari foi ao Japão “junto com Alan Jouffroy como Bunka Shisetu” (uma espécie de representante/enviado da instituição).
  7. Traduzido por Masaki Sugimura. Publicado em 10 de março de 1988 pela editora Hoseidaigaku-shuppankyoku.
  8. Ibdem. Publicado em 05 de abril de 1991 pela editora Omura-shoten. Mittsu no ekorojii 1991; 1993; 1997
  9. Ibdem. Publicado em 10 de junho de 1994 pela editora Hoseidaigaku-shuppankyoku.
  10. No original Les années d’hiver, 1980-1985. Traduzido por Sugim. Publicado em 30 de janeiro de 1996 pela editora Shoraisha.
  11. Traduzido por Kan Miyabayashi e Akihiro Ozawa. Publicado em 20 de janeiro de 2004 pela editora Kawade-shobo-shinsha.
  12. Publicado em 1990 pela editora Kikaijou Muishiki: Sukizo bunseki.
  13. Publicado em 1998 pela editora Bunretsubunsekiteki Chizu Sakuseihou.
  14. Também é tradutor das obras de Michel Foucault, Antonin Artaud e Samuel Becket para o mesmo idioma.
  15. Akihiro Ozawa e Toshihiko Tanaka também foram tradutores desta obra.
  16. Dosse François. Gilles Deleuze & Félix Guattari: biografia cruzada. Porto Alegre: Artmed; 2010.
  17. Naoyuki Takashima (1951-), professor de história da crítica de arte na Musashino Art University, Tóquio, depois do editor-chefe da Nippon Dokusho Shinbun. Ele escreveu alguns livros sobre a arte dos anos 60 e sobre artistas e fotógrafos japoneses.
  18. Todas as informações de caráter pessoal da história de Kogawa e Guattari no Japão foram concedidas por Kogawa.
  19. O artigo também foi publicado no livro japonês Media Rogoku [Prisão de Mídia], em 1982. O artigo está disponível em: https://utopos.jp/books/medianorogoku/m-006.html
  20. Maison Franco-Japonaise. Saiba mais em: https://www.mfj.gr.jp/
  21. O título Luz Negra é mencionado no livro Gilles Deleuze & Félix Guattari: biografia cruzada (François Dosse, Artmed, 2010), porém há outra referência onde encontra-se também o título O anjo negro [Les Angesl Noirs], mencionada por Stephen, filho de Guattari, em ‘Pré-Texte’ para ‘Ritournelles’, La Nouvelles Revue Française 548 (jan 1999): 338–39.         Segundo Stephen Guattari esse filme iria ser rodado no outono de 1992 no Japão com Keiichi Tahara (para quem havia escrito, em 1988, um ensaio sobre suas fotografias em turnê pela França). Infelizmente, como sabemos, Guattari faleceu em agosto de 1992.
  22. Entrevista realizada em 22 de maio de 1981.
  23. Este texto foi escrito por Gilles Deleuze para ser lido por Jean Oury, por ocasião do sepultamento de Félix Guattari, ocorrido em 4.9.1992. In: Dossiê Guattari. Cadernos de Subjetividade, v. 1, n. 1 (1993) Tradução de Arthur Hyppólito de Moura. Revisão de Suely Rolnik.
  24. NIETZCHE, Friedrich. Aurora. Trad. de Paulo César de Souza. São Paulo: Cia. das Letras, 2004.  

 

Guattari e Kogawa
Guattari/Kogawa. Rádio livre. Autonomia. Japão – editora sobinfluencia, 2020.
Tetsuo Kogawa e Félix Guattari, 1981.
Tetsuo Kogawa e Félix Guattari, 1981.

 

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