Poema de Jacques LACAN: Hiatus Irrationalis

HIATUS IRRATIONALIS, poema de Jacques Lacan

Coisas, que corram em vós o suor ou a seiva,
Formas, que nascidas sejam da forja ou do sangue,
Vossa torrente não é mais densa que meu sonho;
E, se não os oprimo com um desejo incessante

Atravesso vossa água, desabo na areia,
onde me atrai o peso do meu demônio pensante.
Só, ele bate no duro chão onde o ser se eleva,
Ao mal cego e surdo, ao deus privado de sentido.

Mas, assim que parece todo verbo na minha garganta,
Coisas, que nascidas sejam do sangue ou da forja,
Natureza, eu me perco no fluxo de um elemento:

Este que aninha em mim, o mesmo vos subleva,
Formas, que corram em vós o suor ou a seiva,
é o fogo que me faz vosso imortal amante.

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HIATUS IRRATIONALIS, poème de Jacques Lacan

Choses que coule en vous la sueur ou la sève,
Formes, que vous naissiez de la forge ou du sang,
Votre torrent n’est pas plus dense que mon rêve,
Et si je ne vous bats d’un désir incessant,

Je traverse votre eau, je tombe vers la grève
Où m’attire le poids de mon démon pensant;
Seul il heurte au sol dur sur quoi l’être s’élève,
Le mal aveugle et sourd, le dieu privé de sens.

Mais, sitôt que tout verbe a péri dans ma gorge,
Choses qui jaillissez du sang ou de la forge,
Nature, je me perds au flux d’un élément:

Celui qui couve en moi, le même vous soulève,
Formes que coule en vous la sueur ou la sève,
C’est le feu qui me fait votre immortel amant.

(Poema de Jacques Lacan, escrito em 1929, publicado nos Cahiers d’art em 1933)

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