Na clínica La Borde, toda sexta-feira é lançada, na Reunião de Acolhimento [Reunion de Accueil], que acontece no grande salão do castelo, uma edição do jornal Nouvelles Labordiennes.
Esse jornal tem sido publicado desde 2003 e trata-se de uma produção coletiva entre monitores e pacientes (ou, como são nomeados aqueles que vivem em La Borde, pensionistas). Desde as decisões de reuniões até as notícias de atividades, eventos, poemas, desenhos e fotografias, serão cuidadosamente selecionados e publicados no jornal. Trata-se de um jornal interno e aberto para submissão de texto ou de algo do seu interesse, além de possibilitar a participação na produção editorial, visto que a equipe também tem sua rotatividade.
Félix Guattari, além de ter participado ativamente do Clube (um tema para outro momento) e do jornal em La Borde, também foi um dos responsáveis pelas edições do jornal “A Via Comunista” [La Voie Communiste].
Anteriormente, em La Borde, houve outras edições de jornais, como o Entre Amis, La Borde Éclair, Club Scoop, e o atual Nouvelles labordiennes. A impressão do jornal acontece na sala do Secretariado do Clube de La Borde.
Agnès Bertomeu, uma antiga trabalhadora de La Borde e personagem que também contribuiu com o movimento da Psicoterapia Institucional, conta em um artigo* que certa vez, nos anos 1970, quando havia apenas um mimeógrafo simples onde os textos ganhavam vida em estêncil, um paciente, matemático para quem a psicose havia transformado a física e a matemática numa questão existencial, lhe disse: “quando você coloca meus textos na sua máquina, as palavras se tornam aceitáveis para mim”.
* O artigo de Agnès Bertomeu : « MÉTAMORPHOSES ou la « Grille des ateliers » à La Borde, 2013 ».
As imagens são fotos que tirei no começo deste ano no local onde os ateliês do jornal são realizados. Há tantos detalhes e informações que não cabem no Instagram, o qual nos limita tanto na qualidade e tamanho das imagens quanto nos textos. Por um lado, concordo com o limite dos textos; é preciso ir aos poucos em um mundo que transforma a “urgência” em norma.
Em breve, retornarei com mais detalhes sobre essa experiência na clínica La Borde.
