Muitas dezenas de estudantes e professores da USP foram recentemente presos. Talvez sejam torturados – se é que já não o estão sendo neste momento. Suas vidas estão ameaçadas. Uma Universidade que não é plenamente livre não passa de uma empresa de servilidade. Não dá para lecionar sob o tacão das botas; não dá para falardiante dos muros de prisões; não dá para estudar quando as armas ameaçam. A liberdade de expressão e de pesquisa são sinais de garantia da liberdade dos povos. Na defesa dos direitos, na luta contra as torturas e a infâmia da polícia, as lutas dos trabalhadores intelectuais se unem às dos trabalhadores manuais.
A Universidade de São Paulo saiba que sua luta de hoje relaciona-se à luta pela liberdade em todos os países do mundo. Presto minha homenagem à sua coragem e me associo de bom grado às decisões que vocês possam tomar para conseguir que a justiça aqui não seja uma palavra ultrajada.
São Paulo, 23 de outubro de 1975.
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– Foi aprovada pela Assembleia que o Prof. Foucault suspendesse seus trabalhos no país enquanto não libertarem os colegas presos e que produza artigos dando seu ponto de vista sobre as prisões e denunciando amplamente na imprensa internacional, particularmente na França.